Está tudo bem, mas de repente um estranho incómodo se instala. Uma insatisfação com nada específico e uma vontade também sem nome definido. O peito vai apertando, a mente não para, tudo parece incerto (incluindo o que a pouco tempo era tão claro), e você ao menos consegue dizer quem você é.
Prazer, esse é o vazio existencial. Mas não pense que é ruim, não o rejeite, porque por mais desagradável que seja conviver com seus sintomas é através dele que ganhamos mais presentes da vida. É quando o que temos parece insuficiente que repensamos muitas áreas de nossa existência.
Afinal, quem vai querer mudar o que está bom?
Quando estamos ganhando, estamos belos, saudáveis e felizes queremos continuar assim para sempre. Parece não existir nada melhor a se fazer dessa vida. Porém a vida que é sábia não pede licença, pois sabe que não a deixaríamos entrar. Ela invade nosso ser com esse sentimento de vazio e então pode nos aperfeiçoar. Pode ser bem desagradável, pode parecer injusto, porque exatamente quando tudo parece estar bem, algo ruim acontece.
Eu já pensei assim. Mas hoje entendi esse processo como um amigo, como um bem (ainda que muitas vezes amargo) de conseguir coisas melhores. E cada vez que vou aceitando as mudanças sem tornar meus problemas maiores do que são ao reagir negativamente a eles (mentalmente ou em palavras) essas visitas inesperadas vão se tornando mais raras, dando-me tempo de curtir por mais tempo os momentos felizes que tanto amo.
Contributo de Tamires Damasio
